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UMA CARTA DE AMOR PARA VALPARAÍSO

Atualizado: 15 de jun.

Em ti encontrei morada, encontrei amor, encontrei aventura e me encontrei também. Você é muito mais do que uma joia, você é o tesouro inteiro.

 

Quando soube que passaria a virada de ano no Chile, tratei de buscar um bom lugar para faze-lo e me deparei com Valparaíso nas pesquisas. Poucas vezes eu escutei minha intuição de maneira tão clara. “Algo grande te espera lá”.

Era isso que eu sentia, intuição, mas camuflei a sensação com o discurso de ser uma das viradas de ano mais famosas do mundo. Os fogos duram mais que Copacabana, viu?! Essa era minha propaganda, mas eu não tinha a menor ideia do que ia acontecer além disso. Eu só sabia que na vida a gente tem que fazer o que a intuição pede, sem questionar muito, meu problema sempre foi questionar demais, porém dessa vez não foi assim.


O plano era passar sete dias e no primeiro eu já fui arrebatada! Fiz amigos, ri muito, beijei na boca, bebi, fumei e até assisti ao teste dos fogos de artificio! Foi uma recepção e tanto! Dali pra frente foi um tal de desbravar os morros da cidade, apreciar as paisagens e me encantar pelos caminhos coloridos até que me vi sendo guiada até o porto, onde fiz mais amizades e ganhei uma viagem de barco para conhecer a baía de Valparaíso por outro ângulo.

Foi uma das imagens mais encantadoras da minha vida, apreciar aquela bela paisagem sendo embalada pelo balanço das ondas do pacífico, escutando histórias da cidade e avistando leões marinhos.  Não tem como não se apaixonar, acredito que ali até o coração mais duro teria dado uma amolecida. No fim acabei recebendo outro convite, desta vez para passar a vidada de ano, vendo os fogos de artifício em alto mar. Eu aceitei e foi um dos melhores momentos da minha vida. É nessas horas que vale a pena escutar a intuição... 


Valparaíso é chamada de Joia do Pacífico. Foi lá que eu conheci esse oceano, que para mim era novo. Desde os cruzamentos dos meus antepassados, que vieram de outros continentes, até os meus próprios caminhos vindo do Norte para o Sul da américa, o oceano atlântico sempre foi o que tudo conectou, mas agora eu estava nas areais de um desconhecido.

Na natureza, quando os oceanos se encontram eles não se misturam. Eles vieram por caminhos diferentes, passaram por mundos diferentes.. A densidade, a salinidade, nada é igual exceto pelo fato de que são água. Demora um tempo até que os oceanos se misturem, se entendam, se tornem algo novo ou apenas a continuação do que eram antes...

Um oceano que dizemos pacífico, mas causa placas de tsunami por toda parte, rotas de fuga, e alertas de emergência nos celulares. Como pode algo nomeado de paz conter tanto perigo?

São muros, portos e prédios destroçados em toda parte da orla, compondo a paisagem que mistura arquitetura velha, nova, destroços, o oceano e muitos barcos. Alguns naufragados. Pacífico... Eu sei que esse oceano já teve outros nomes, e com certeza não eram nada parecidos com esse.


Eu olhava para as placas e me dava um frio na barriga. Se me acontece algo aqui...Sozinha num país estrangeiro em que falo porcamente o idioma e mal tenho dinheiro para viver o mês, agora ainda tenho que me preocupar com tsunami...

Minha nova realidade era acordar todos os dias sem saber se o que ia me tomar era um oceano de emoções ou um oceano de verdade, então eu aprendi a encontrar algum novo detalhe pra me apaixonar em cada canto visitado, apreciando e guardando todas as memórias com força.

Cada por do sol tirava um pouco do meu fôlego e repunha um pouco da esperança perdida em tempos passados. Música por toda parte, palco montado no centro da cidade com show de graça, boas praias, bebida barata, muito peixe, muitas gaivotas e uma gente que gosta de festejar. De quebra ainda vivi um amor de verão com um guia turístico que me levou em vários lugares.... Se restou qualquer sombra de dúvida, deixo aqui registrado: eu me senti em casa!

 

De um lado da baía a praia grande, que na realidade começa com uma bem pequenininha, do outro lado, em Viña del Mar, bem ao fundo de qualquer foto ou desenho de Valparaíso lá estão excêntricas montanhas de areia. As famosas Dunas de Concón.

Areia, ela parece que te suja enquanto está te limpando... Essa areia era tão mágica que eu tive que trazer um pouco pra casa. Dizem que: “D. Pedro II andava pelas ruas de Paris em seu exílio sempre com um saco de veludo no bolso com um pouco de areia da praia de Copacabana. Foi enterrado com ele....” É o que dirão sobre mim e meu saquinho de areia das Dunas de Concón.

Um imenso mar de areia intocado pelo tempo e estranhamente também pelos ventos. Ventos fortes que quase nos derrubam na subida íngreme e destrambelhada até o topo... Toda hora um grito:  – Segura minha mochila! – Espera que agora vou tirar o tênis... tropeça daqui, desliza dali e alguns minutos depois eu estava no topo do mundo.

Onde o tempo parece se congelar e onde as gaivotas abrem as asas e são levadas pelo vento, sem nenhuma preocupação no mundo. Ali eu voei também.


E depois eu segui viagem...



Valparaíso é chamada de Joia do Pacífico e tem até canção em homenagem a este apelido !

Print de um dos lugares que queria conhecer, de quando eu ainda estava pesquisando.
Print de um dos lugares que queria conhecer, de quando eu ainda estava pesquisando.

 

Senhor Gonzalo contando histórias de Valpo como ninguém!
Senhor Gonzalo contando histórias de Valpo como ninguém!
Virada de ano em alto mar com 20 minutos de fogos de artifício!

As Dunas de Concón
As Dunas de Concón


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